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Da régua de cálculo ao IPAD

Minha geração assistiu a mudanças de métodos e tecnologia que parecem inacreditáveis vistos de hoje.
Numa conversa casual contei para minha filha que estuda Engenharia Eletrônica, que eu usei Régua de Cálculo e Manual do Engenheiro nos dois primeiros anos de Engenharia.

Como assim régua de cálculo? Quando expliquei ela teve uma crise riso. Eu justifiquei dizendo que o homem foi a Lua apoiado no trabalho de engenheiros que também usavam régua de cálculo. Ela não conseguia acreditar.

Em 1972 eu trabalhava na Caixa Econômica Federal e meu serviço era ajudar a lançar o movimento diário na ficha dos correntistas.

O lançamento era feito numa máquina manual Burroughs, que possuía duas memórias mecânicas e somava as colunas do débito e do crédito separadamente, atualizando os saldos nas fichas dos correntistas com segurança e rapidez.

No final do dia somávamos os cheques, as retiradas e os depósitos em calculadoras também mecânicas para conferir o fechamento do movimento. No final do serviço meu braço doía pois essas máquinas eram todas movidas por pequenas manivelas laterais, mas era um trabalho muito conveniente pois era feito no final do dia e a noite o que me permitia ir para a faculdade na parte da manhã.

Nessa mesma época iniciamos a implantação de um sistema informatizado de processamento da conta corrente. Foram meses e meses para passar as informações das fichas amarelas para o novo sistema. Nessa mesma época eu estudava Fortran na faculdade e estava bastante familiarizada com os segredos dos cartões perfurados e dos relatórios de critica emitidos pelo computador mais moderno da época, o IBM370.

O novo sistema emitia uns papeizinhos que eram chamados de slips e que continham os lançamentos do dia anterior já processados. Como a Agência só recebia uma cópia do relatório, os caixas consultavam os saldos nos slips que ficavam num plástico organizado em ordem alfabética. O problema é que os slips vinham em ordem de conta corrente. Era preciso, todos os dias, colocá-los em ordem alfabética para serem consultados no dia seguinte. Durante o dia todos os lançamentos eram feitos á mão.

Em 1976, já morando em Porto Alegre fui trabalhar na compensação de cheques, onde os cheques em organizados pelo código das agências. Na sala havia grandes escaninhos de madeira com pequenos nichos e rotulados com o código da agência. Nosso trabalho era separar e somar os lotes de cheques em calculadoras elétricas da Burroughs, moderníssimas, que não precisavam mais das manivelas…

Qualquer problema mais urgente era comunicado às Agências usando outro equipamento também moderníssimo, o telex, uma espécie de telegrafo movido a fita perfurada e que era capaz de transmitir uma mensagem através da Embratel para outros aparelhos de telex em tempo real. O barulhinho do telex me ressoa nos ouvidos ainda hoje, tantas vezes o ouvi.

Parece muito arcaico visto de hoje? Pois isso aconteceu não faz muito tempo…

Eu mesma as vezes fico surpresa de pensar que nossa geração usou o cartão perfurado e hoje temos na mão celulares com mais capacidade que os grandes computadores de poucos anos atrás…

Muito pouco tempo para uma revolução gigantesca.

Este foi um privilégio de uma geração que montou as bases da computação pessoal e da Internet.

Steve Jobs, se estivesse vivo teria hoje 62 anos.

 

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