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Tempo bom

Quase novembro: e eis aí o final do ano e o Natal.

O ano está quase no fim… É como se os dias, as semanas, os meses tivessem menos horas do que deveriam ter. E na verdade, são as mesmas 24 de horas de sempre, sete dias por semana…

Por que então essa sensação de que o tempo está passando rápido demais? A noção de tempo é muito relativa, e para comprovar basta analisar a síndrome do segundo tempo no futebol. Se o seu time está perdendo, o tempo segue rápido demais, insuficiente para uma virada ou uma recuperação. Se o time está ganhando, sempre há o risco do adversário virar o jogo, que daí parece não acaba mais.

Só que na vida não dá para avaliar assim, de forma simples como quem olha o placar, se estamos ganhando ou perdendo. Porque a qualquer momento podem ocorrer reviravoltas que modificam completamente essa equação.

E, embora a analogia com uma partida de futebol tenha relativa adequação, a vida engendra teias complexas de sentimentos, valores, emoções, fraquezas, ligações que tornam quase impossível uma avaliação no meio do caminho. Podemos no máximo nos perguntar se estamos gostando do jogo ou se está na hora de fazer mudanças mais significativas.

E não há época mais propícia para nos fazermos essas perguntas do que no final do ano.

A proximidade do novo calendário acelera esse questionamento. É como se a perspectiva de um novo ano incluísse possibilidades de mudanças menos disponíveis em outras épocas.

Também há uma sensação difusa de término, de ciclo se encerrando. Os rituais de final de ano intensificam essa sensação de que tudo foi tão rápido que nem percebemos direito como o tempo passou.

Minha mãe me fala de uma época em não tinhamos agenda, palm top e celular, e o tempo era medido por folhinhas de calendário arrancadas uma a uma. E o sentimento em relação ao tempo era exatamente o contrário, de tempo arrastado, medido pelas estações e pela colheita.

E em sua enorme sabedoria me diz: Se está passando rápido é por que está bom. Tempo ruim demora muito a passar.

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