Pobre trabalhador pobre de vontade

Carta para uma amiga que sonha com um mundo… de sonhos… que consiga proteger e motivar o pobre trabalhador pobre de vontade.

Prezada Alexandra

Passei 25 anos da minha vida como empregada da Caixa Econômica Federal.

Era bancária, trabalhava na área de TI, jornada de seis horas por dia e não posso dizer que ganhava mal. Em uma crise depressiva cheguei a conclusão que meu trabalho era a fonte de minhas angustias. Na minha visão tinha excesso de burocracia, lentidão, chefes medíocres, pouco horizonte.

Hoje, depois de outros 25 anos como empresária vejo com clareza que o problema não era meu emprego. Era eu.

O limite das pessoas é definido por elas próprias. E todos tem um teto para crescer. Para alguns não passa de milímetros. Para outros são quilômetros.

É da natureza do ser humano. É muito simples e fácil de compreender, mesmo assim a ficha não cai sozinha. Quem valoriza o trabalhador é ele mesmo através do seu produto: o trabalho que entrega. Entrega bom produto? Tem valor. Não entrega, não tem valor. Entrega um bom produto mas é limitado? Será valorizado apenas pela metade. Entrega produto mediano? Será mediano na escala.

Unica exceção são os funcionários públicos onde são mais acirradas as competição por espaço, intrigas palacianas e o famoso “sabe quem eu sou?”. Não há clientes para conquistar e dificilmente os méritos são por competência.

Mas fora da esfera dos serviços públicos a regra é clara e vale também para o gerador de empregos: o empresário. Se seu negócio entrega bom produto ou serviço será valorizado pelo cliente. Ou você continua a ir no restaurante que não te agrada?

Respeito a sua visão mas discordo radicalmente que o pior golpe para o trabalhador é o valor do salário. O pior golpe é a ausência de emprego, não ter onde mostrar serviço, onde conquistar espaço, onde mostrar que pode entregar muito. Uma diarista de limpeza que faz um trabalho muito básico ganha hoje entre 100,00 e 130,00 por dia. Em 20 dias por mês irá faturar 2.000,00 no pior caso.

Com certeza você já teve pessoas trabalhando para você que não valiam a metade do que ganhavam e outras que valiam o dobro. Vai conversar com o dono de uma padaria ou lanchonete como é o dia a dia dele na busca de quem realmente agrega. E quando acha alguém bom logo vira supervisor, gerente e aí vai.

No meu caso os bons viraram sócios. Como empresária sempre busquei pessoas com iniciativa e que não enxergavam barreiras. E principalmente que não terceirizavam sua vida e seus sonhos.

Culpar o sistema, a sociedade, a política, a economia ou os outros serve como justificativa para se eximir de responsabilidade. É claro que há forte influência do meio sobre a sua vida. Mas o rumo de sua vida é você quem determina.

Em resumo: o trabalhador quer ser valorizado? Valorize-se primeiro. Mostre dedicação, capricho. No dia em que esse trabalhador compreender que pode ser parceiro do seu patrão ele mudará de patamar.

Até porque os serviços mal remunerados e que exigem muito pouco estão sendo automatizados e trocados por máquinas. Inclusive na Russia, onde hoje a livre iniciativa faz nascer uma nova sociedade, inimaginável há alguns anos atrás. Final do ano passado fui ver de perto. 

Algumas profissões ainda existem só no Brasil: ascensorista, frentista de posto de gasolina, operário sinalizador de obras e por aí vai. Na industria da moda boa parte das máquinas costura comandada por software. Logo logo os carros sem motorista, conduzidos por satélite, vão mudar demais várias profissões. 

E isso não é novidade: o carro acabou com os cocheiros das carruagens, a energia elétrica demitiu os acendedores de lampião, as camionetes aposentaram os carroceiros, a máquina de lavar roupa reduziu a necessidade de lavadeiras…

O mundo gira e evolui. E devem mudar também o trabalho, o trabalhador e o gerador de emprego – o empreendedor.

E cada dia mais o ganha pão do empreendedor será avaliado pelo produto ou serviço que entrega.

E os trabalhadores continuarão a serem valorizados pelo seu produto: a qualidade do seu trabalho.

…………………………………………………………………………………………………………………………..

Vamos compartilhar!