Uma criança idosa – Parte 1 – O susto

Quem já viveu essa experiência sabe exatamente do que estamos falando.

Assim, depois de um AVC isquêmico, minha mãe de tornou uma criança que alterna lucidez com fantasia, momentos de calma com outros de completa agitação.

Ainda não entendemos muito bem como essa história começou.

Há muitos anos mamãe morava com meu irmão e passava o dia sozinha ou com a empregada.

Aos 85 anos estava lúcida e ativa. Cultivava suas rosas e plantas com amor desvelado, fazia palavras cruzadas, cozinhava, bordava e devorava livros e tinha uma alimentação muito saudável. Às seis da tarde encerrava seu dia e ia assistir suas novelas favoritas ou ver filmes.

Sempre fez seus exames preventivos que terminavam sempre com elogios do médico. Mamãe, além de muito saudável sempre primou pelo otimismo e alto astral, mesmo em circunstâncias bem adversas.

De repente, um telefonema de minha filha Maíra liga o alarme: A vovó Carmem teve uma queda e está no Hospital. Em princípio não é grave, mas parece estar com uma hidrocefalia que precisa ser tratada por cirurgia. Atendi a ligação em Plantation na Florida, na noitinha de quarta-feira.

Minha filha não tinha muitas informações, mas seu tom era grave e indicava que havia mais do que aparentava. Assim liguei para minha irmã. Ela me tranquilizou, mas sua voz também indicava que as palavras não combinavam com sentimentos transmitidos pela voz.

Acusei o golpe com uma terrível enxaqueca e o máximo que consegui dormir naquela noite foram 2 horas. Meu marido também não conseguiu dormir. Passei parte da noite pesquisando vôos para nossa volta antecipada o mais breve possível, se possível no mesmo dia.

Se você nunca precisou fazer isso saiba que as companhias aéreas ganham muito dinheiro com as emergências. O valor do bilhete passa a ser cinco vezes ou mais o preço normal.

Na quinta de manhã antes de tomar café (a diferença de fuso era de 3 horas para menos) liguei para minha irmã para entender melhor a situação. Mamãe seria transferida para o Hospital Santa Mônica que teria melhores condições de atendê-la.

A noticia muito me alegrou pois o Haikal Helou, é um dos sócios do Santa Monica, é e meu amigo pessoal. Além disso, lá tem uma sala da The1 e poderíamos contar com a atenção especial do Christiano.

A The1 sempre fez toda a diferença nos nossos problemas de saúde.

No Santa Mônica o diagnóstico do neurologista foi que mamãe teve um AVC Isquêmico e estava na UTI em estado grave. Ela não tinha caído e machucado como se pensava antes. Ela caiu em função do AVC.

Meu sobrinho a achou no chão logo no início e a acudiu. Mas todos pensaram que era uma queda sem graves consequências e ela foi ser examinada para verificar possíveis problemas decorrentes da queda.

Mamãe sempre foi muito independente e com seu otimismo nato sempre fazia questão de dizer que estava ótima.

Por último ela andava meio esquecidinha, falava a mesma coisa várias vezes. Mas encarávamos isso como algo natural da idade pois ela já tem 85 anos. Em geral ela alternava os finais de semana na minha casa ou na casa de minha irmã, ou mesmo com algum dos seus 8 filhos.

Finalmente conseguimos vaga num vôo para o dia seguinte chegando em Goiânia no sábado de manhã.

Na noite de quinta minha irmã ligou para comunicar que o estado de mamãe havia se agravado muito e havia sérios riscos. Na UTI, estava sendo tratada para retirar água no pulmão, combater princípio de pneumonia, problemas de diurese e ainda com sangramento no cérebro pois começara um AVC hemorrágico também.

Aquela noite seria decisiva para ela.

Depois de desligar o telefone sai do hotel de carro, fui sozinha para um parque próximo, rezei e chorei muito.

Graças a Deus não imaginava nem de leve o que vinha pela frente.

Continua na parte 2

Vamos compartilhar!